Quando será que é tempo de mudança? Quando será que é tempo para
mudar para melhor? Quando as pessoas vão entender o que é o melhor? Eu já sei,
e acho bom. Mas por que eu sou tão covarde e não mergulho dentro desse espaço
denso cheio de matéria que é vida? E por que não me deixo preencher esse vazio
com todo esse cheio? Por que usar uma justificativa que atribui a culpa do meu
medo aos outros? Sei lá, dá vontade de abraçar o mundo todo num abraço ou
golpeá-lo inteiro num só soco seco; que é pra sacudir, que é pra acudir, que é
pra pressão social me jogar no meio desse turbilhão de prazer! Eu sinto que eu
tenho a sensibilidade, mas ela ela sozinha é pior do que se eu não a tivesse, e
é porque eu sei, e em saber eu sofro por não fazer, por constatar esse apego,
esse apego ao que é velho, que é antigo, que é fácil. Eu quero tudo, mas eu
quero tão pouco, tudo que eu quero eu encontro num só paradeiro, pode ser mais
ou pode ser menos, mas sendo já tá bom. Que loucura! Eu nem sei pra quê tantas
palavras se tá tudo tão claro nas profundezas da minha retina, se tá tudo tão
óbvio na minha mente, se tá tudo tão certo no meu ego. Pra quê tudo isso se é
tudo tão fácil?