sexta-feira, 2 de abril de 2010

Poema filho dos devaneios marilienses.

Mas que vontade de transcender a matéria
E de lá pelo alto, transfigurado em cosmos
Na altura da minha solidão e loucura
Gozar sozinho a perspectiva de um sonho translúcido.

Mas fiz eu do sonho, corpo.
Nem menos fui desmaterializado.
Espaço que lhe pertenço
Cronologicamente quebrado.

Deixa, Flor, o menino beber do teu mel,
Embriagado no útero do teu véu.
Permita que ele faça do teu corpo céu
Mas que dentro do teus braços não se sinta ao léu.

Sopra, poeira cósmica !





Toda vez que eu volto sob o céu estrelado de Marília eu sinto um bem-estar gostoso ao mesmo passo em que me vejo tão pequeno.
Quando bate aquele vento noturno já embebido do frio desértico daquela cidade, eu sinto o ar envolver meu corpo inteiro e depois disso, como se eu estivesse gozando o efeito de algum entorpecente, a cabeça começa a construir um turbilhão de pensamentos tão lindos, quase todos regados de sorrisos.
O mais engraçado é imaginar lá do alto do monte aquele pedaço de cidade ao longe todo iluminado pelas luzinhas acesas como se fosse tudo mar, refletindo o brilho das estrelas lá no alto.
É incrível mesmo essa coisa do espaço e não menos das estrelas. Refletir sobre isso é tão complexo e intrigante, assim como assustador, que eu evito pensar na origem das coisas pra não me tomar de ceticismo e descrença. Não custa nada só admirar a beleza daquele céu isento de qualquer parcela de senso crítico. É tão lindo.