sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Dolor

Lágrima salina que escorre
Que sofrimento não esconde
A água benta da dor
Que brotou de um amor
Ele também se dissolve
No consumo da alma
Na ausência da calma
Numa previsão que morre
Palavras pontudas soluçadas
Eclodem da garganta engasgada
E hoje não canta nem nada
A canção de nós dois
Há quanto tempo foi
Que a gente esqueceu de se amar
E alocou em seu lugar
Sentimento ruim
Que eu nunca quis pra você nem pra mim
Quem é aquele quem diz
Que o amor chegaria ao fim

Manha

Entre nossos dedos
São a flor e o beijo
O bombom e o seio
De amargo só o café
Na cama com cafuné
E um pouco de queijo
Beijinho no queixo
Gôsto de goiabada
Em boca lambuzada
De menina espivetada
Que quando chora faz beicinho
Cara de quem quer carinho
Pra parar de soluçar
Foi só abrir um sorriso
Em boca de menino
Que seu beijo foi pra lá
O toque de veludo
Na consistência do felpudo
Sopro que recai sobre mim
Da tua boca de jasmim
Que sai o vento de alecrim

Contra Ataque

O zagueiro recuperou a bola na intermediária

Soltando a bola no pé do lateral esquerdo
Que aplicou a giradinha do Zidane, que é clássica
Invertendo num cruzamento rumo lateral direito

O contra-ataque é assim que funciona
Pensamento, ação e instinto em estímulos rápidos
Toques, passes e cruzamentos no melhor estilo "dá e toma"
Futebol puro e despido de matemática e esquema tático

Na ponta direita o dono da bola avança
Toca no alto para que receba no peito
O atacante que domina com categoria a responsa
De mudar a história e rumo do jogo inteiro

Passando do meio do campo correndo em velocidade
Gingando pra lá e cá desfilando seu afrikan soul
Finta um zagueiro e até dois com muita facilidade

Pra encaixar na forquilha um foguete direto no gol!

Resgate

Quanto tempo a gente espera pra sentir
Um sentimento que era vivo outrora?
Se é que imaginaríamos existir
O de antes tão forte e intenso quanto agora?

Saber que te ligar ou não podia gerar um aperto
Daqueles que maltratam e aceleram o coração
Me lançaram em queda livre em pleno céu aberto
Mas antes de decolar, pregaram os pés ao chão

E seu charme que em tanto me encanta
Combinado ao seu jeito sempre esguio
Hoje até me retraem e lançam
Contra dúvidas e medos num lugar escuro e frio

Se mistério é teu nome, me chamo insegurança
Nessas situações é difícil de se enxergar no escuro
Tentar transformar suas forças em esperanças
Pra poder no fim colher um fruto maduro

E eu penso comigo quem dera pudesse ser de novo
Em que deitados e juntos te acolhi num abraço
Onde a silhueta do teu corpo deixou de ser escopo
Quanto te senti pulsante apertada entre meus braços

Caos

O convívio com o caos não vai me fazer bem
Porque eu tenho a vocação para ser zen
Toda essa bagunça eu sei que não vou suportar
É a guerra que está aí, nos ouvidos a ecoar

Gente matando gente e vice-versa também
Nos congressos de paz se discute uma intervenção
O mesmo teatro de sempre, amigo. Mas que desdém
São pétalas de flores? Não! São tiros de canhão

De um lado e de outro ninguém mais se compreende
Pois o respeito mútuo nunca esteve presente
Se você pensa que algo mudou por conta da tecnologia
É porque você não viu quanto custa uma vacina

Escancaradamente nosso povo vive excluído
Sofrendo as mesmas dores dos povos antigos
Dois, três, quatro mil anos de evolução
Mas no prato do cidadão só pingam migalhas de pão

Insônia




No meio da noite sem sono
Isso é insônia!
Se no banheiro do bar é translúcido
Não tem amônia!

Na noite mais fria do ano eu não tenho quem abraçar
Mas isso é escolha, fruto do meu livre arbítrio
Não vou ferir quem não merece só pra lhe agradar

Por um momento, siga sua razão
Ponha o pé no chão pra começar a caminhar
Pois só assim você vai dar sossego ao seu coração
É preciso estar pousado para decolar

E aí sim, quando no alto você estiver
Junto de ti eu vou estar
Alçando voo em algum lugar qualquer
No Pacífico, pra gente se amar